Quero pra mim o teor explícito dessa frase: Sou cada palavra, vírgula, ponto, reticências, rima, silêncio, caos, parênteses e ponto de interrogação de meus escritos. Apenas mais uma tentativa de sobrevivência de uma velha alma que não se cansa de escrever.
Perfeição, o que seria? Tal coisa realmente existiria em um mundo como o nosso? Ou a perfeição seria o conjunto de detalhes imperfeitos, colocados lado a lado como mosaicos de azulejos em uma linda catedral? Será que nessa incessante busca pela chamada perfeição, não acabamos por nos tornar imperfeitos? Como um filme sem roteiro, como a música sem ritmo, como a noite sem luar, como uma criança sem brilho no olhar? Mas volto a perguntar, o que seria à tão buscada perfeição, se nada além de uma doce ilusão? Uma ideia que nos move em frente, uma frenética emoção, um impulso para prosseguirmos em nossa luta diária. Ou será que existiria? Talvez a perfeição encontra-se nas pétalas das rosas, nas folhas que caem no outono, ou no desabrochar das flores na primavera, mas diga-me então o podemos chamar de perfeição? Apenas imperfeita definição? Segundo a teoria do caos, presente na existência de quase tudo o que nos cerca, uma pequena ação agora pode definir o seu futuro amanhã. Talvez esse seja o segredo, afinal o que seria dos grandes amores sem o primeiro olhar interessado, ou da grande obra revelada sem o primeiro segundo inspirado que desperta e desencadeia o traço, a palavra, a frase, o verso, a emoção? O que seria do encontro sem o adeus, da conquista sem o nascimento do sonho, da vitória sem o ponta pé inicial. A perfeição está no detalhe, no começo, no segundo exato que te move e modifica, uma sequencia infinita de atos, fatos e visões subsequentes que se reproduzem e multiplicam, sentimentos aflorados da alma de todo ser. Seria o mundo assim tão perfeito que o propósito imperfeito seja a chave da ilusão? Quem sabe um dia o homem se atente aos pequenos detalhes e entenda definitivamente que o primeiro ato, o simples e inacabado, o desejo submerso, instintivo e infinito, a lágrima que um dia carregou toda a dor, o sorriso deslocado por uma flor, o olhar desprendido e incalculado capaz de explodir o coração, são mesmo eles toda a perfeição? Vamos, meu caro, não deixe o tempo passar feito vento, vasculhe a alma, habite o caos e faça do ato o detalhe perfeito da maior obra de toda a tua vida, o teu próprio futuro tão belo e imperfeito!
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Me fascine se for capaz.